Preço do boi gordo dispara e complica trabalho do Banco Central no controle da inflação

SÃO PAULO (Bloomberg) – O preço do boi gordo subiu consideravelmente, e essa alta deve encarecer o fim de ano para os brasileiros. Esse aumento dificulta o trabalho do Banco Central, que vem elevando os juros para controlar a inflação.

O preço da carne bovina deve subir pelo menos 7,9% no último trimestre de 2024, a maior alta desde 2020, segundo a LCA Consultores. Esse aumento é um desafio para os frigoríficos, como a JBS, que enfrentam o maior custo com o gado em quase 30 anos.

Impacto do Preço do Boi na Inflação e na Economia Brasileira

O preço do boi é um dos principais responsáveis pela inflação no Brasil, especialmente em relação à carne bovina, um alimento central na dieta nacional. Quando o preço do boi sobe, outras carnes também aumentam. Esse efeito se estende à carne suína, ao frango e até ao leite. O aumento também afeta o governo, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez da redução dos preços da carne uma de suas promessas de campanha em 2022.

Andrea Angelo, estrategista da Warren Rena, afirma que a carne bovina é fundamental para o IPCA de alimentos no Brasil. Ela prevê uma alta de 8% no preço do boi neste ano, o dobro do que se esperava antes. Para 2025, a expectativa é que o aumento seja de até 14%.

Preço do Boi e a Redução da Oferta de Gado

Nos últimos dois meses, o preço do boi subiu 33%, a maior alta em 27 anos. Esse aumento está ligado à seca que afetou as pastagens, reduzindo a oferta de gado para abate. Além disso, nos últimos dois anos, muitos pecuaristas reduziram o tamanho do rebanho, abatendo vacas devido à queda nos preços de 2022.

A escassez de gado é o principal fator por trás do aumento no preço do boi. Isso ocorre em um momento de forte demanda externa por carne brasileira. As exportações aumentaram 31% este ano, o que diminui ainda mais a oferta disponível no mercado interno.

Desafios para o Banco Central e Para os Consumidores

O aumento no preço do boi dificulta ainda mais o trabalho do Banco Central. A autoridade monetária já aumentou a Selic para 11,25% para conter a inflação, mas a alta da carne bovina continua pressionando os preços.

Luciana Rabelo Ribeiro, economista do Itaú, diz que o aumento no preço do boi afetará outros alimentos. Ela espera uma alta de 15% na carne bovina em 2025, o que continuará a pressionar os preços no Brasil.

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Perspectivas para o Mercado de Carne Bovina no Brasil

Apesar da alta atual, nem todos os analistas acreditam que esse aumento se sustente. Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva, acredita que a alta no preço do boi é sazonal e que ela deve diminuir em breve. Ele também acredita que melhorias na genética e alimentação do rebanho podem mitigar os efeitos da oferta restrita de gado nos próximos anos.

Porém, Leonardo Alencar, da XP, acredita que os produtores e varejistas enfrentarão dificuldades para repassar todos os custos aos consumidores. A questão será até que ponto o consumidor conseguirá absorver os aumentos no preço do boi.

Conclusão: O Preço do Boi Como Pressão Inflacionária

O aumento contínuo no preço do boi coloca uma pressão adicional sobre a inflação. Para o Banco Central, esse desafio se soma à tarefa já difícil de controlar os preços. Para os consumidores brasileiros, o fim de ano promete ser ainda mais caro, com o impacto direto na carne e em outros itens essenciais.

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