Fim da escala 6×1: Abrafarma reage à proposta de redução da jornada de trabalho

A proposta de reduzir a jornada de trabalho no Brasil pegou o setor de farmácias de surpresa, especialmente a Abrafarma, que representa 11 mil farmácias no país. Sérgio Mena, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, expressou preocupação com os impactos dessa mudança, principalmente no que diz respeito ao fim da escala 6×1, onde os trabalhadores descansam apenas um dia por semana.

Impactos do Fim da Escala 6×1 no Setor Farmacêutico

Mena, que participava de uma conferência de setor em Nova York, afirmou que a proposta de fim da escala 6×1 tomou o setor de surpresa e gerou grande preocupação entre os empresários. Para ele, a mudança “tem caráter populista” e pode inviabilizar negócios, já que o setor de farmácias depende de uma grande força de trabalho para atender a demanda.

A Proposta e Seus Efeitos no Varejo

O fim da escala 6×1 e a redução da jornada para 36 horas semanais são vistos como uma ameaça à viabilidade das farmácias, principalmente as menores. Sérgio Mena afirmou que, se a proposta for implementada, muitas farmácias terão dificuldades para manter a operação com qualidade e quantidade de atendimentos exigidos. A proposta já atraiu mais de 2 milhões de assinaturas e avançou na pauta política, mas os impactos no setor varejista preocupam.

“Se essa mudança for implementada, será muito difícil manter a operação das farmácias como elas funcionam hoje, com a qualidade e a quantidade de atendimentos exigidos”, diz Mena. Ele aponta que, com margens de lucro reduzidas, muitas farmácias não sobreviveriam com menos horas de funcionamento.

Como a Redução da Jornada Afeta as Farmácias?

O fim da escala 6×1 e a redução de horas semanais significam que as farmácias teriam menos tempo para operar, o que poderia resultar em filas mais longas e menor disponibilidade de serviços. Mena explica que, embora a proposta traga vantagens como mais tempo para descanso e qualificação, no setor de varejo a mudança não seria sustentável.

Ele ressalta que o modelo de atendimento no setor farmacêutico exige um número específico de funcionários para garantir a qualidade no atendimento. Com menos horas de trabalho, as farmácias teriam que contratar mais pessoas, mas a escassez de farmacêuticos no Brasil já é um problema sério. “Não temos farmacêuticos suficientes para cobrir essa redução de jornada”, afirma Mena.

Pequenas Farmácias Também Seriam Afetadas

Mena alerta que as pequenas farmácias, que representam 54% das farmácias no Brasil, mas respondem por apenas 20% do faturamento, seriam as mais impactadas pela redução de jornada. Essas farmácias, que faturam em média R$ 600 mil por ano, enfrentam grandes dificuldades para manter uma operação eficiente com margens baixas, e a redução da carga horária só aumentaria as dificuldades. Para ele, o fim da escala 6×1 prejudicaria ainda mais essas pequenas operações.

A Realidade do Setor de Farmácias no Brasil

Além das dificuldades em ajustar a jornada de trabalho, as farmácias também enfrentam desafios de rotatividade de pessoal. Muitas vezes, as farmácias são o primeiro emprego de muitos brasileiros, e o modelo de atendimento exige que os funcionários desempenhem múltiplas funções, como atendimento no balcão, reposição de estoque e caixa. Mena explica que, para muitas farmácias, esse modelo de trabalho flexível, adaptado para as necessidades do setor, seria inviável com a redução das horas de trabalho.

Expectativas e Desafios para a PEC

Embora a proposta de redução da jornada de trabalho precise passar por várias etapas no Congresso antes de ser aprovada, Mena ressalta que a discussão precisa ser feita de maneira cuidadosa, com audiências públicas para ouvir todos os lados envolvidos. “A expectativa é que o Congresso crie um fórum adequado de discussão para que a sociedade possa se envolver e o impacto econômico seja considerado”, conclui.

Conclusão: O Futuro da Escala 6×1 nas Farmácias

A mobilização em torno do fim da escala 6×1 é um tema controverso que exige uma análise profunda dos impactos econômicos e sociais. Embora a proposta traga benefícios para alguns setores, como a indústria, para o setor de farmácias a conta não fecha. A mudança na jornada de trabalho pode resultar em menos serviços, aumento de filas e fechamento de farmácias, principalmente as de menor porte. O debate continua, e as próximas etapas no Congresso serão fundamentais para definir os rumos dessa questão.

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