Comida no Lixo e Busca por Diesel: Os Prejuízos do Apagão em Pinheiros
Na segunda-feira, 14, o cruzamento das ruas Joaquim Antunes e Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, exibia um forte cheiro de comida estragada. Esse cenário, sem dúvida, foi resultado do apagão que deixou muitos imóveis sem luz por quase três dias. Assim, moradores e comerciantes agora tentam calcular os prejuízos causados pela falta de energia.
Impacto nos Comerciantes e Moradores
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP) anunciou que, além de tudo, ajuizará uma nova ação contra a Enel, exigindo indenização por perdas financeiras. Além disso, a Advocacia-Geral da União também planeja tomar medidas judiciais para garantir que os clientes da empresa sejam ressarcidos.


Na região de Pinheiros, muitos moradores ficaram mais de 60 horas sem luz, enfrentando dificuldades diárias. Para se banhar, alguns improvisaram, utilizando canecas para evitar a água fria do chuveiro. Enquanto isso, funcionários dos prédios correram para manter os geradores emergenciais funcionando. Na manhã de terça-feira, 15, ainda havia 250 mil imóveis sem energia na Grande São Paulo.
O Desperdício Alimentar
Os prejuízos financeiros, sem dúvida, são alarmantes. Um morador relatou que, por conta do apagão, perdeu R$ 2 mil em mantimentos, principalmente carnes. José Azevedo, zelador de um prédio com mais de 60 apartamentos, comentou: “Normalmente, saímos com quatro sacos de lixo. Na segunda, foram pelo menos cinco vezes isso.” Os descartes incluíam desde carnes congeladas até marmitas inteiras que moradores haviam preparado.

A situação se agravou entre as 19h30 de sexta-feira e as 11h de segunda. O trecho mais afetado foi da Rua Cardeal Arcoverde até a Rua Teodoro Sampaio. “Uma moradora perdeu todo o leite materno que guardava para o filho”, relatou um zelador. Diante das dificuldades, muitos residentes, por sua vez, buscaram abrigo na casa de familiares para escapar do apagão.
Adaptações Diante da Crise
A rotina de quem ficou na região, portanto, mudou completamente. Adriana Teixeira, restauradora de 61 anos, compartilhou: “Em casa, tomamos banho de caneca. Esquentamos a água no fogão.” Para preservar os alimentos, algumas pessoas compraram gelo e usaram a geladeira como uma caixa térmica.
O engenheiro Lannes Moura, de 66 anos, levou seus mantimentos para a geladeira de um amigo. “Foi a única solução que encontramos”, disse ele. Infelizmente, a Enel não forneceu previsões sobre o restabelecimento da energia, o que aumentou a frustração entre os moradores.
A Luta por Diesel
O transtorno foi ainda maior, especialmente porque alguns prédios contavam com geradores. No entanto, a manutenção desses equipamentos exigiu um esforço extra. “Tive que buscar diesel várias vezes em postos da região. O prédio gastou mais de R$ 2 mil só em combustível”, revelou José.
A demanda por diesel foi tão alta que muitos postos ficaram desabastecidos. José encontrou combustível em um posto próximo ao Allianz Parque, na zona oeste, depois de muito procurar.
Depoimentos de Prejuízo
Nas redes sociais, a chef Vivianne Wakuda, proprietária de uma confeitaria local, compartilhou sua frustração em um vídeo: “A gente já jogou tudo fora, as geladeiras estão todas vazias.” Ela estimou um prejuízo superior a R$ 10 mil, sem contar o faturamento perdido no fim de semana.

A Abrasel-SP estima que, em média, cerca de 50% dos 155 restaurantes e bares da capital paulista foram afetados, enfrentando perdas mínimas de R$ 10 mil. Na Vila Madalena, a empresária Beatriz Torres, de 57 anos, lamentou: “Perdi trabalho e tive um prejuízo enorme com os alimentos na geladeira. O destino será o lixo.” Ela acrescentou, ainda: “A população está ao Deus dará… No escuro.”
O apagão em Pinheiros revelou, portanto, não apenas os desafios enfrentados pelos moradores, mas também os impactos financeiros severos sobre os comerciantes. Assim, com o cenário de incerteza, muitos aguardam respostas e soluções efetivas da Enel para evitar futuros transtornos.
Leia também – Apagão em São Paulo: Processo Disciplinar e Auditoria contra a Enel
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