Ações Brasileiras: Os setores que ganham e perdem com a reeleição de Trump
A reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, embora antecipada pelos mercados com o fenômeno do “Trump Trade”, continua a gerar grandes reflexos. Esses impactos podem ser especialmente sentidos no Brasil. A expectativa é que o segundo mandato de Trump afete os mercados emergentes, como o Brasil, com consequências para o câmbio, a balança comercial e as empresas brasileiras que estão expostas ao mercado dos EUA e da China.
Impactos Econômicos da Reeleição de Trump
A vitória de Trump deverá resultar em uma valorização do dólar e no aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. Esse movimento está diretamente relacionado a suas políticas inflacionárias, especialmente aquelas voltadas para tarifas e imigração. Com isso, o dólar tende a se fortalecer, enquanto os países latino-americanos, incluindo o Brasil, podem enfrentar a pressão de uma desvalorização cambial. A expectativa é de que os países emergentes precisarão elevar suas taxas de juros para conter a inflação importada.
Análise de Andressa Durão, Economista da Asa
A economista Andressa Durão, da Asa, prevê juros mais altos no Brasil em resposta às políticas expansionistas de Trump. Ela também acredita que o dólar se fortalecerá ainda mais, o que pode trazer consequências negativas para o câmbio local. “O impacto imediato da vitória de Trump é uma valorização do dólar, impulsionada por seus cortes de impostos e desregulamentações”, afirma Durão. No entanto, o futuro das medidas depende das decisões do Congresso dos EUA. Se os democratas dominarem a Câmara, as reformas de Trump poderão ser limitadas.
Como a Reeleição de Trump Impacta as Empresas Brasileiras
Para o Brasil, a vitória de Trump traz tanto oportunidades quanto desafios. A valorização do dólar e o aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA podem afetar o valor do real. Embora a balança comercial brasileira ainda seja robusta, a combinação de dólar valorizado e uma alta nos juros pode aumentar a vulnerabilidade do real. Além disso, as empresas que dependem de importações podem enfrentar maiores custos, enquanto aquelas com grande exposição às exportações para os EUA podem se beneficiar.

Setores Sensíveis à Guerra Comercial EUA-China
Trump, historicamente avesso à dependência dos produtos chineses, deve retomar políticas protecionistas e aumentar as tarifas sobre importações da China. Caso novas barreiras de 10% sejam implementadas, os exportadores de commodities latino-americanos, incluindo o Brasil, podem ser negativamente impactados. A pressão sobre as exportações de soja e carne bovina, por exemplo, poderia aumentar, forçando empresas a buscar novos mercados.
Setores que Podem se Beneficiar
Por outro lado, setores específicos podem se beneficiar da reeleição de Trump. Empresas brasileiras com forte presença no mercado americano, como a Petrobras (PETR4), poderiam ver um aumento nas suas exportações de energia. As políticas de desregulamentação econômica, defendidas pelos republicanos, também podem estimular o crescimento de algumas indústrias, principalmente no setor de petróleo e gás.
Empresas Brasileiras em Destaque
- Agronegócio: SLC Agrícola e BrasilAgro
- O agronegócio brasileiro tende a se beneficiar com a maior demanda por grãos, caso os EUA aumentem tarifas sobre produtos chineses. Empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3) podem ser beneficiadas com essa mudança no cenário global.
- Mineração e Siderurgia: Gerdau
- A Gerdau (GGBR4), que tem operações significativas nos EUA, poderá se beneficiar das tarifas de Trump sobre os produtos chineses. Com isso, o preço do aço poderá subir, favorecendo as siderúrgicas brasileiras.
- Setor Petroquímico: Braskem
- A Braskem (BRKM5), que recebe grande parte de sua receita em dólares, pode ver suas finanças se fortalecerem com a alta da moeda americana. Além disso, a queda no preço do petróleo pode reduzir seus custos de produção.
Desafios para Setores Sensíveis a Juros e Combustíveis
Com a valorização do dólar e a pressão sobre a inflação, empresas brasileiras que estão muito expostas a custos em dólares podem enfrentar dificuldades. No setor de varejo, empresas como Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3), assim como companhias aéreas como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), podem ser negativamente impactadas. O aumento dos custos operacionais, especialmente devido ao encarecimento de combustíveis e leasing em dólar, pode reduzir a rentabilidade dessas empresas.

Setor de Distribuição de Combustíveis
Distribuidoras como Vibra (VBBR3) também enfrentam desafios devido à inflação e alta dos juros no Brasil. No entanto, o desempenho positivo no setor de combustíveis, com uma agenda de combate à informalidade, pode ajudar a mitigar os efeitos negativos dessa pressão.
Expectativas de Impacto no Mercado Financeiro
A reeleição de Trump pode gerar um cenário de incerteza para o Brasil. A abordagem protecionista de Trump poderá afetar negativamente as relações comerciais, resultando em mais volatilidade no mercado financeiro. Ainda assim, empresas brasileiras com forte atuação nos EUA podem ser beneficiadas.

Empresas a Observar:
- JBS (JBSS3): A JBS, uma das maiores exportadoras de carne do Brasil, pode se beneficiar com o aumento das exportações, mas também terá que lidar com a possibilidade de barreiras comerciais.
- Petrobras (PETR4): A Petrobras pode melhorar sua situação financeira com a recuperação dos preços das commodities energéticas, especialmente se as políticas de Trump favorecem o setor de energia.
- Itaú Unibanco (ITUB4): O banco pode se beneficiar do aumento no consumo e no crédito, embora as incertezas econômicas possam afetar seu desempenho no curto prazo.
Conclusão
A reeleição de Trump trará tanto oportunidades quanto desafios para o Brasil e suas empresas. Setores como o agronegócio e a siderurgia podem aproveitar o aumento nas exportações para os EUA. Por outro lado, empresas com grande exposição ao mercado interno e dependência de importações terão que se adaptar a um cenário de juros mais altos e inflação crescente. O fortalecimento do dólar e a volatilidade cambial exigem atenção para as empresas que precisam lidar com custos em moeda estrangeira.
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